No texto anterior, feito durante o curso que fiz de Maestria Pessoal, conclui que a felicidade depende exclusivamente de mim. Que estamos acostumados a duas situações: uma em que culpamos a tudo ao nosso redor pela situação que nos encontramos e outra, é que estabelecemos o que é felicidade a partir de regras dificílimas de serem superadas. Então somos felizes quando? Nunca ou quase nunca.

Hoje escrevo para incluir uma nova palavra neste contexto todo, talvez ajude a fazer mais sentido nas duas situações que comentei anteriormente sobre felicidade. Dizem que somos conscientes de no máximo 5% do que está em nossa programação e em nosso DNA, ou seja, sabemos pouco sobre nós. Os outros 95% são informações inconscientes que não deciframos seu significado. Dentro deste mar de desconhecido estão nossas feridas, nossas memórias, nossos registros de dor, culpa, medo, raiva. A palavra que quero incluir é memória, mas pode ser registro, acontecimento do passado, o que fizer mais sentido para nós. Aqui falarei também em feridas.

Conhecer nossas feridas permitirá abrir espaço para a cura delas. Alguma vez você já se perguntou porque isso está acontecendo comigo de novo? Situações que se repetem? Comigo já aconteceu muitas vezes. Aí está um sinal de que algo precisa ser curado e aparece como uma oportunidade de cura, mas perdemos tempo nos lamentando, nos vitimando e vivendo o futuro e não o presente. Não nos damos conta da oportunidade que esta dor está possibilitando curar. Já li, ouvi e fiz algumas imersões neste assunto, memórias/feridas, e sempre tento buscar me entender. Agora com o curso Maestria Pessoal confirmei mais coisas sobre isso. Temos marcas em nós de passagens de nossa infância ou concepção que justificam o nosso comportamento.

Porque algumas pessoas têm tanta necessidade de controlar o que está acontecendo? Pode ter vivido situação de descontrole na infância como falta de dinheiro, alcoolismo dos pais, brigas, entre outras. Outros tem grande necessidade de ser amado, de se sentir parte. Pode ter sofrido abandono, falta de atenção, de acolhimento, de apoio etc. Outros tem grande necessidade de se destacar diante dos demais, busca reconhecimento e precisa mostrar o quanto é melhor que os outros, pois pode ter sofrido humilhação, vergonha, e coisas do gênero.

São apenas alguns exemplos que unem uma vivência da infância (normalmente até os 7 anos) ao comportamento de hoje. Isso não significa que nós tenhamos que continuar nos comportando de uma forma que não seja boa porque nos achamos vítima de um pai e uma mãe, por exemplo. Não é isso. Nossos pais nos deram o que podiam, fizeram suas escolhas diante da consciência que eles tinham. A maioria dos significados de dor que temos dos nossos pais na infância são muito diferentes do que a verdadeiro intensão de nossos pais. Mas a memória foi registrada da forma que a criança percebeu. O que fazemos com isso? Olhamos e ressignificamos.

É importante perceber o que te incomoda hoje e fazer o link disso com nossa infância. Perceber o sentimento de hoje e associar com uma cena da infância em que sentiu a mesma coisa e pergunte-se o que ficou registrado? Impotência, solidão, vergonha, medo? Então volte a aquela cena da infância e explique a sua criança que ninguém fez por mal e que hoje você é mais forte porque viveu aquilo. Isso é ressignificar, sem mudar a cena, apenas dando compreensão para aquela criança. Eu sei que é difícil e doloroso, tenho praticado e dá vontade de parar. Porém eu não me conformo em permanecer passiva diante do fato de saber que eu mesma posso resolver o que me incomoda.

Tem uma passagem bíblica que Jesus cura um doente e diz: “Tua fé te curou”. Jesus estava ali apenas para ajudar a pessoa a acessar sua dor, mas ela precisa praticar a cura em si mesma. Querer muito. Eu acredito na fé como algo interno e que somado a perseverança nos faz pessoas muito mais leves e confiantes.

Esse texto foi um pouco mais sério hoje, pois assim estou, introspectiva, olhando para dentro. Espero que ajude a incentivar este olhar para dentro.