Em 2006 quando só conhecíamos condomínios fechados através de notícias de São Paulo ou do litoral, parecia estranho fazer algo do tipo em Flores da Cunha. Caxias do Sul não tinha nenhum exemplar ainda e eu já pensando na ideia de um condomínio fechado. Na época parecia “inovador” demais, pois o principal apelo de um condomínio fechado é a segurança e não era ainda algo que nos tirava o fôlego em Flores. Talvez minha ancestralidade estava lembrando do tempo feudal em que era seguro estar entre muros por uma questão de sobrevivência. Condomínios fechados na forma de lotes acontecem no Brasil há mais ou menos 40 anos e tudo começou em São Paulo (onde os problemas com segurança chegaram junto com o “progresso”).

Quando comecei a pensar nisso, imaginava que o bem viver representava estar seguro. O tempo foi passando e fui me convencendo que nossa rotina é dependente do local que se escolhe para morar (ainda hoje eu acho isso). Então houve o ‘boom’ imobiliário (alguns chamam de bolha) e muitos lançamentos de empreendimentos fechados aconteceram pelo Brasil. Até em Gramado começaram a surgir, focado na segunda residência ou casa de campo (especialmente dos portoalegrenses). A tendência era (e ainda é) condomínios fechados, que atraem a cada ano mais famílias que buscam tranquilidade e comodidade, além de ser um espaço que só tende a valorizar economicamente.

Minha história com o Costa Norte, empreendimento familiar que meu pai Jaime sonhou e me “arrastou” com ele, começou ainda na faculdade. Sou engenheira (e corretora de imóveis) e como todos sabem urbanismo é tema para arquitetos e não engenheiros. Mas tinha um único livro na biblioteca da universidade pública que me formei (FURG) que falava sobre loteamentos (pessoal, sem rir, a pesquisa era feita só na biblioteca, não tinha internet).

Dizer que o Costa Norte se confunde com minha história é um pouco demais, mas certamente induziu minha carreira. Não fosse meu pai me “arrastar” para o sonho dele, eu talvez nunca teria descoberto que amo o urbanismo e faço isso “até de graça” (exagerei agora). Entre os trabalhos que desempenho como engenheira civil e também através da empresa que lidero (Biossplena Inteligência Urbana), o planejamento urbano é um deles e o Costa Norte foi o ponto de partida pois induziu muitas decisões profissionais.

O negócio é familiar, através do sonho do meu pai, Seu Jaime Ulian, em fazer a terra que há gerações abriga e sustenta a família, se tornar um espaço de convivência e novas histórias. O nome Costa Norte foi por ele escolhido por fazer referência à posição solar, fundamental para a qualidade de vida, por que é a posição ideal onde se aproveita sempre o melhor do sol e da luz do dia. Eu lembro muitas vezes que tinha que ir ajudar a buscar as vacas que havia parido naquele local. E ainda tinha que se cuidar com as abelhas (silêncio pessoal senão elas acordam). Lá sempre tiveram muitas caixas de abelha que produziam o mel silvestre da flor do eucalipto que sempre alimento nossa família. Aquela região da “colônia” do meu pai era o local preferido dos animais, tanto no inverno, quanto no verão, e como a natureza é sábia é certamente ideal para se viver. Este é considerado o primeiro condomínio fechado de Flores da Cunha.

Se sinto orgulho? Do empreendimento, sim, mas nem tanto. Sou crítica com tudo o que faço e sempre penso que poderia ter feito mais e melhor. Hoje, quase em 2019, vejo que condomínios fechados ainda acontecem em todo o país, pois é uma alternativa à segurança. Mas eu sinceramente fico triste por ter que pensar que o isolamento é a condição para que as pessoas fiquem seguras. Eu seria mais orgulhosa se pudesse fazer empreendimentos onde o ir e vir das pessoas respeitasse a regra do bom senso e não um muro com cerca elétrica e câmeras de monitoramento.

Saio disto melhor que entrei? Certamente. Nem lembro quem era a Giovana de 2006. Acho que até o Residencial Costa Norte mudou um “tantão” de quando foi pensado. Aliás que bom, transformar-se é vital, no meu entendimento. Sou grata por tantos terem passado pela minha vida neste tempo e me feito diferente. Ontem encontrei um operário de instalação elétrica que juntos enfrentamos várias dificuldades porque ninguém sabia bem como conduzir instalação subterrânea na Serra. Quando vi ele, depois de muito tempo, olhei para e pensei: não quero lembrar do sofrimento que passamos…mas só pensei. E ele me disse, Dona Giovana, até que foi divertido aqui no Costa Norte né? Na hora me dei conta que só tenho que lembrar e agradecer. Sabe a música? “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”…#tamojunto!

O empreendimento

Do antigo lote nº 16 do Travessão Rondelli, foram feitos 34 terrenos (sendo 33 residenciais e um de área coletiva), e o projeto é assinado por mim em parceria com uma excelente equipe de profissionais. Na área, foi encontrado uma jazida de basalto rosa, o que além de ser um diferencial, também economizou muitos recursos naturais na hora da execução da obra. Por este motivo, os paralelepípedos do condomínio são em tons rosados.

A construção gerou trinta empregos, sendo que algumas vagas ainda estão em aberto, e o investimento foi de cerca de R$ 6,3 milhões. Para aproveitar ao máximo a vida no condomínio, foram pensados também áreas de uso comum. Duas praças, uma multiuso, que contempla Espaço Gourmet, Quadra poliesportiva e Playground e outra praça com Playground para crianças menores de 5 anos e o Espaço Fogo de Chão, além também de um Mirante com uma vista fantástica da natureza, que dá espetáculo todos os dias. De qualquer parte do empreendimento é possível contemplar o vale dos Rios São Marcos e das Antas, e apesar de estar localizado na área urbana (há 900 metros da praça central da cidade), a sensação que o Costa Norte proporciona é de liberdade e total contato com a natureza, já que é rodeado de área verde.

Esperamos que ali se construam lares onde pessoas vivam com equilíbrio, contato com a natureza e também espírito comunitário. Por isso costumamos dizer que é um condomínio fechado, mas aberto para a vida.

 

Crédito fotográfico: Eriel Giotti

Giovana durante o evento de apresentação do Costa Norte para corretores de imóveis. Créditos fotográfios: Eriel Giotti

 

Costa Norte com os portões de entrada abertos para visitação do público e de profissionais da área, no mês de novembro.