Estive esta semana participando de um evento em comemoração aos 24 anos da Interface Eventos, da competentíssima Lisete Oselame. Aliás, em tempo, que mulher que eu respeito e admiro. Ela sempre foi ela, independente de marido, à frente de seu tempo. Em tempos, inclusive, que era “estranho” mulher protagonizar como ela. Admiração sempre Lisete por ti. Este evento era um talk show com um palco super interdisciplinar juntando filósofo, arquiteta, médico e especialista em varejo. A dinâmica das cabeças era proposital, exatamente para mostrar as diferenças de pensar. O tema era a excelência especialmente nos negócios.

Mas é impossível (na minha opinião) falar de vida profissional separada da vida pessoal. No talk show não foi diferente. O que mais me impressionou nas falas foi a relação da excelência com a liberdade. Quanto mais livres estamos mais fácil chegar na excelência. Mas também teve quem disse que excelência não se atinge nunca, pois uma vez atingido uma determinado nível de excelência já estamos olhando para o próximo desafio.

Eu sinceramente, quando termino um trabalho, um minuto depois já fico me perguntando o que poderia ser melhor. Já fico imaginando que com o que aprendi com este trabalho, posso produzir algo novo. Meu amigo Ronaldo Aloise Jr. (dono da Way to Grow) me disse que existem (basicamente) dois tipos de cabeça. Um deles busca replicar o que foi aprendido e outro busca a cada degrau subido, incluir uma novidade. Estes últimos são chamados de desenvolvedores e os primeiros de executores. Sem dúvida, eu sou este segundo tipo. Nunca consigo parar de olhar quais as oportunidades que se abrem a partir da visão que se tem do novo andar em que estamos.

Durante o evento da Interface também houveram comentários do tipo: “relaxa…excelência não existe, senão não tem saúde que aguente tanto impulso”. Certamente vinculando ao desenfreado momento de ansiedade em que vivemos e que temos a impressão de que estamos sempre atrasados…sempre chegando mais tarde do que deveria. Claro que isso gera ansiedade e desconforto e cada um deve saber seus limites. E além disso, deve ter consciência se há propósito por trás disso, pois muitos vão, ansiosos “acompanhando a manada” e aí sim a doença é certa.

Mas sobre excelência eu sinceramente acredito que trata-se de direção. Excelência é direção. Ou seja, é a direção para a qual teu propósito pessoal está apontado. Se teu proposito é conduzir um navio da Europa para o Brasil, a excelência é a direção definida: saída do porto X na Europa e chegada no porto Y no Brasil. Assim tu definiste teu propósito e para que ele se concretizasse está clara a tua direção: sair daquele lugar e chegar ao destino. A direção definida é a excelência, na minha opinião.

Mas e a pergunta que me faço: e se no meio deste trajeto encontro uma tempestade? O que faço? Posso sair da direção definida para não arriscar meu navio? Ou a minha vida? Bem, aqueles mais pragmáticos diriam nãoooo…definido é definido e cruzaremos a tempestade. Mas qual o problema de sair da rota? Uma vez desviado o problema (a tempestade) o segredo é voltar para a rota. Simples e saudável desvio, para então voltar a direção da excelência. Em nenhum momento deixei de cumprir com o definido anteriormente, mas às vezes é preciso fazer pequenos desvios para nos mantermos vivos.

Acredito que estamos na era da ‘flexibilidade”. Precisamos ter direção, mas precisamos estar preparados para os pequenos desvios. Como comandante do navio da nossa vida, temos que nos preparar para situações não planejadas, mas que sempre poderão acontecer. Temos que comandar os tripulantes sem pânico, sem exageros e ser resilientes a ponto de perceber que aquilo está te ensinando a enfrentar, no futuro, tempestades ainda maiores. Sem ficar achando culpados, sem ficar sofrendo por algo inusitado ter ocorrido.

Além desta flexibilidade deve estar a capacidade de perceber que meu nível de excelência nada tem a ver com o do outro. O que faz sentido para mim, não faz para o outro. Isso quer dizer claramente que não temos que projetar nossas expectativas com a excelência da nossa viagem de navio, nas vidas de outras pessoas.

Excelência é direção e precisamos nos perguntar como percebê-la a partir do que amamos fazer e sobre o que amamos aprender. Quanto mais fazemos algo que amamos mais flexível conseguimos ser e isso sim é excelência na vida. E isso é liberdade. Vamos praticar?