Em momentos de notícias de abuso sexual, misturadas com o questionamento se ele realmente faz milagres, começo a escrever este texto de fechamento do ano (mas talvez tenha vontade de escrever mais alguma coisa ainda em 2018…tudo bem?). Muitos aterrorizados falam dos fatos com o espírita e líder de um grande centro espiritual no interior de Goiás. Eu não quero falar dele, nem julgá-lo mas aproveitar o episódio para falar de vida e de milagres (para ver que até notícias ruins podem inspirar).

Quantas dores temos e gostaríamos de uma cura urgente? Para ontem? Algo milagroso seria perfeito. Dores físicas como o nervo ciático, coluna, estômago (e tantas outras). Dores psicológicas de abandono, medo, culpa e abuso. Certamente encontrar o botão que desativa estes desconfortos seria um pedido de muitas pessoas ao “bom velhinho” ou à Deus (não o João). Eu também tenho algumas e entendi que somente reconhecendo estas dores posso iniciar um processo de cura. É preciso olhar para isso, de frente. Tomar consciência. Encarar.

Mas dói. Dói mesmo. Dá vontade de livrar-me do desconforto logo. Porém é o desconforto que me propicia manter-me atenta, ficar presente no que precisa efetivamente ser olhado. Tomar um analgésico (em forma de remédio que se compra na farmácia, em forma de álcool das bebidas ou em forma de sublimação, fingindo que não me pertence) ajuda a apagar, por um tempo, o desconforto. Mas tudo volta. E as vezes volta ainda mais intenso.

Mudanças na vida…costumamos chegar nessa época e dizer que queremos mudanças. No ano que vem vou me alimentar diferente, vou ler mais, vou fazer atividade física, vou visitar meus amigos que há tempos não vejo, vou escrever um livro, plantar uma árvore, comprar uma bicicleta e casar (os dois últimos não são juntos, ou um ou outro, só para não perder a piada).

Mas para aceitar a mudança precisamos estar prontos para viver coisas que ainda não vivemos. Precisamos permitir a inclusão de novas coisas e suportar o desconforto do novo. Se é novo é novo…nunca vivi e, portanto, não tenho a receita de como lidar com isso. Já disse por aqui que ter controle das coisas é ilusão, isso não é real. Mas ainda queremos controlar tudo (e eu me encaixo) como se isso nos desse a certeza que não sentiremos dor, medo, culpa e o tal desconforto.

É um tal de quero, mas não quero viver o descontrole, pois isso me faz sofrer. Então levamos uma vida “feijão com arroz” e queremos sentir gosto de “massa carbonara”. Para saber se massa carbonara é bom basta eu dizer para você que é uma mistura de ovos, bacon, queijo e massa e assim você já sente, automaticamente, o gosto da massa? Nãoooo. No máximo vai ter água na boca, mas saber mesmo o gosto só experimentando e sentindo.

Então o convite para 2019 é INCLUIR. Incluir vida, escolher coisas novas. Escolher pessoas (prefira as simples). Escolher sem julgar e “desescolher” quando achar que não serve. Só há uma coisa na vida que é caminho sem volta: quando deixamos de respirar para sempre. O restante tudo pode ser novamente escolhido, incluído. Se nos possibilitarmos mudar pontos de vistas fixos, incluirmos outros pontos de vista, pessoas, sentiremos novas sensações e isso provocará milagres em nós. Talvez nossas dores se curem. Talvez descubramos que não era um leão urgindo e sim um gatinho miando…mas como estávamos olhando sob um ponto referencial fixo não percebemos o outro lado do espelho.

Eu vou ficar com medo também, mas vou tentar subir degraus e ver o quanta coisa posso avistar mais de cima da escada milagrosa da minha vida. Vamos também? Aceitam continuar compartilhando comigo?

Feliz 2019 à todos e GRATIDÃO pela CIA em 2018.