Tenho me observado no dia a dia. Coisas simples que acontecem todos os dias e que me transmitem ensinamentos. Não sei se acontece o mesmo com vocês, mas quando alguma coisa (como xampu, sabonete, creme dental) está acabando eu passo, automaticamente a usar com mais parcimônia (sendo mais econômica).

Vou explicar. Quando começo um xampu novo eu utilizo uma quantidade maior para lavar o cabelo. Ao sentir que o tubo está cheio, pesado, tenho a sensação de que aquilo não vai acabar nunca (ou pelo menos vai demorar para acabar).

Estava em viagem recentemente e tinha comigo um tubo pequeno de creme dental. Daqueles próprios para viagem, sabe? Então ao perceber que só tinha esse tubo (não tinha reserva, a não ser que comprasse) e que estava no final passei a economizar. Afinal ele teria que durar até eu retornar para casa. A quantidade que gastaria se o tubo tivesse cheio passou a ser suficiente para escovar meus dentes umas 4 vezes (sem exageros).

Então me perguntei, porque só temos essa atitude de poupar quando está acabando? E então fiquei pensando que temos também essa atitude em outras situações. Será que fazemos assim nos relacionamentos? Valorizamos uma situação somente quando sentimos que está por acabar? Tomamos uma atitude “colaborativa” ou protagonista somente quando a corda está por arrebentar. Porque agimos somente no modo urgente?

Poxa, esse creme dental mexeu comigo (kkk achei graça na profundidade da constatação). Talvez estava suficientemente em silêncio e presente que consegui perceber isso nesta situação. E fiquei me perguntando onde mais ajo desta forma.

No trabalho quando fecho um novo contrato, será que relaxo e penso, agora estou tranquila e não preciso buscar outro contrato? Ou com amigos, depois que mando os parabéns de aniversário e penso, agora por um bom tempo fiz minha parte como amiga. Talvez também com família, quando só visito a mãe se ela reclamar que faz tempo que não apareço.

Não estou sugerindo que estar sempre tenso e pensando em estar produzindo incessantemente. Até porque minha meta para 2019 é leveza, exatamente o contrário de tensão. Longe de mim tensão, não quero viver mais tensa e preocupada como em épocas passadas.

Mas falo do modo como vivemos. Agimos apenas quando algo está explodindo. Esse é o modo urgente. O modo que os bombeiros sempre estão quando trabalham. O modo urgente nos deixa de prontidão sempre, com a luzinha de perigo sempre acionada. Isso demanda energia.

Quero funcionar no modo importante. Importante é tudo aquilo que preciso fazer para me manter na minha direção (propósito) estabelecida por mim. Importante é o essencial que deve ser cultivado sempre, de forma fluida e leve. Viver em modo importante é reduzir tensões, é pensar e planejar nosso plano de ação em direção ao nosso propósito.

Veja bem, planejar e pensar ações não significa ter estritamente um único caminho a percorrer. Vou exemplificar com uma situação mais comum. Você já fez uma viagem em que planejou até a posição do grampo do cabelo na segunda noite do jantar no restaurante tal? Planejou tudo, todos os detalhes, todos mesmo. Deu uma trabalheira fazer isso, não deu? E depois da viagem você percebeu que muitas das coisas planejadas aconteceram diferente e você acabou se frustrando. Depois da frustração veio a culpa, pois você não foi suficientemente competente e isso estragou (em partes ou total) a sua viagem. Assim como aconteceu outra experiência de uma viagem em que você planejou apenas algumas coisas e fluiu bem, tudo foi legal (ou quase tudo) e mesmo sem tanto planejamento deu tudo certo.

Preparar-se para uma viagem, segundo o que eu Giovana quero compartilhar com vocês neste texto é sim, planejar. Mas mais do que planejar é preciso estar aberto e preparado para o inusitado. Pensar no importante é pensar que irás viajar para tal lugar, planejar quanto dinheiro vai precisar (e adicionar 20%), estudar se há alguma situação de risco, se precisa estar com alguma roupa especial (frio, calor, banho). Planejar o importante é pensar em todos os locais que você quer conhecer, sem definir exatamente qual será o primeiro ou o segundo. Entende?

Deixar o inusitado acontecer não é falta de planejamento. Falta de planejamento é passar frio num local que você não pesquisou que as temperaturas podiam chegar a -1ºC. Planejar o que é importante para você e estar pronto para adaptar-se em situações novas. Se você nunca foi neste local certamente aparecerão situações nunca antes vividas. Mas isso não tinha como ser previsto (planejado) pois é novo.

Então, que saibamos usar creme dental com cuidado para que ele falte somente no dia que tiver outro creme dental na reserva. Isso é pensar o importante e concretizá-lo. Sintonizar com o importante é minha meta para 2019.