Não é nada fácil chegar no quarto andar. Demanda ultrapassar uma série de degraus. Para chegar no quarto andar é preciso falar com muitas pessoas. É preciso chegar até quem conhece aquele que libera a catraca e deixa subir.

Alguém me falou que no quarto andar eu enxergaria mais longe. Me disseram que a vista de lá permite ver o que não estamos acostumados. A partir do quarto andar é possível acessar outras pessoas, que também só se instalam nesta posição.

Quando me falaram a primeira vez, pensei: vou tentar. Então comecei perguntando quem conhecia o cara que libera a passagem. Sinceramente, minha expectativa era muito baixa, pois acreditava que eu ainda não estava à altura de alcançar o quarto andar. Daí, com uma certa irresponsabilidade até (irresponsabilidade é exagero de minha parte) comecei a dizer por aí: alguém conhece o cara que libera a passagem para chegar no quarto andar? E sabe o que aconteceu: alguém, conhecia um outro alguém que conhecia uma outra pessoa que já tinha trabalhado com o cara que libera a passagem para o quarto andar. Comecei então a formar uma teia de contatos para chegar, aos poucos naquele que ia liberar o acesso. Mas eu ainda estava achando que isso não daria em nada. Permaneci com a expectativa baixa.

Foi então que as conexões aconteceram e eu fiz pouquíssimo esforço, apenas falei em voz alta que queria chegar no quarto andar. Dizem que quando tem que acontecer não demanda esforço, é fácil mesmo.

Pois não só cheguei no quarto andar, como agora as pessoas que entregam o crachá que autoriza subir já sabem meu nome. Quando eu chego lá, já me perguntam: quantos dias tu ficarás, pois assim já deixo aqui liberado teu acesso para todo o período. No quarto andar, já tenho uma sala que quando chego posso me “espalhar” e ficar bem à vontade. O queridão que serve o café, não me serve mais e diz que lá na cozinha tem tudo o que preciso, pois como já sou de casa posso ir me servir.

Chegar no quarto andar foi fácil. Mas dependeu de conexões. Conexões de conexões. Uma longa história de conexões que demandaria um desenho para explicar. Mas essa era a meta e ela se cumpriu. E agora que cheguei, fiquei me perguntando qual a próxima meta. Já não sou a mesma pessoa. Já busco algo a mais. Já estou percebendo que, do quarto andar, conexões com pessoas acontecem eu outro nível. Quando você liga para uma pessoa e diz a ela que está no quarto andar, precisa de bem menos esforço para avançar no contato. É como se já estivesse liberada a cancela do prédio dela. Para qualquer situação.

E agora, busco subir além deste quarto andar? Ou busco ter uma sala com meu nome na porta, ainda neste andar? Será que neste lugar as pessoas que já estavam ali, me olham como igual ou como estranha? Mas nem precisei responder isso para mim, pois vieram respostas concretas de pessoas acostumadas neste andar. “Giovana, o quarto andar é pouco para ti. Tu tens condições de mais. Tu és uma guerreira e eu percebi todo o esforço que tu fizeste para chegar aqui. Teu envolvimento está estampado nos teus olhos, mas esteja certa que ele tem recompensa”. Engoli o choro de emoção e baixei a cabeça…achei meio brega me emocionar, agora recém-chegada no quarto andar. Uma voz me disse: “Orgulhe-se e sinta-se à vontade, aqui é teu lugar, mas só por enquanto”.

Sabe, depois que percebi e senti que mereço estar no quarto andar, ficou tudo tão mais leve. Oportunidades começaram a se abrir como se tudo fosse mais fácil. Reconhecer-me capaz e merecedora está ajudando a trazer mais coisas. Tudo de melhor está vindo a mim. Porque quero o melhor, peço pelo melhor e faço o meu melhor.

Cada um pode ter o seu quarto andar. Cada um pode fazer a analogia que quiser com seus objetivos. Escrevo para que eu mesma perceba que alcancei um novo aprendizado. O aprendizado de merecer. O aprendizado que não precisa ser duro e turbulento para acontecer. Não precisa ser sangrando. Pode ser sorrindo. Pode ser divertido. Pode ser leve. Pode ter pastel com caldo de cana no caminho. Pode ter reencontro de lindas amizades. Pode ter “coincidências”. Sabe aquelas que não existem? Sim, tudo pode. Basta estar aberto. Basta pensar mais em si. Basta permitir-se. Basta enfrentar o medo e dizer a ele: Medo, você é uma ilusão. Uma escuridão que some quando uma micro luz é acendida. Tchau querido, não preciso mais de ti, porque aqui do quarto andar o sol é presente sempre. E então, agora só falta eu decidir para onde vou..e você qual é o seu quarto andar?