Vivemos tempos em que estamos muito reflexivos e nos perguntando a todo o momento: será que isso é uma mensagem? Será que tenho que aprender algo com isso?

A resposta é sim! Antes da pandemia e agora também. Sempre há aprendizado. Sempre mesmo! Precisamos apenas ter a capacidade de perceber e, para isso, o princípio é estarmos presentes e atentos.

Diante disso tudo, conto a vocês uma passagem que me fez refletir. Para aqueles que não me acompanharam em outras falas, explico: escrevo percepções e as publico no intuito de contribuir com as pessoas e com o universo. Escrever me faz bem e me ajuda a compreender minhas próprias inquietudes.

Bem, vamos lá! Fui ao supermercado em uma época em que esse tipo de movimento urbano é praticamente o único. Sim, também vamos à farmácia, mas tudo com muito cuidado, de forma rápida e sem cumprimentar e nem tocar em ninguém. Então, eu estava à procura de mamão. Eu não conhecia aquele supermercado, por isso não tinha decorado onde estavam as coisas. Isso não aconteceria se eu estivesse no Mercado Tonello, ao lado da minha casa. Lá, sei de cor onde está tudo. Meu “itinerário” no Tonello é sempre igual porque assim não esqueço nada. Em um supermercado no qual nunca entramos, a tendência é fazer movimentos cruzados, mas sempre fica a impressão de que não compramos o que precisávamos, mesmo tendo uma lista. Pois então, no setor de hortifruti do supermercado, rodei para um lado e para o outro, fui para o final, depois voltei ao começo de novo. Pensava o seguinte: “o mamão normalmente está ao lado da banana”. Mas, mesmo assim não achava. Normalmente, nesses tipos de mercado não tem muitos atendentes circulando para que possamos perguntar algo, então pensei: “vou embora sem mamão”.

Mas apareceu um mocinho, super jovem. Antes de falar com ele, já estava envergonhada porque tinha o sentimento que o mamão estava embaixo dos meus olhos e eu não estava vendo. Então pensei: “ele vai achar que sou um pouco louca ou deficiente visual. Enfim, não queria “perder a viagem”, por isso decidi perguntar com vergonha mesmo. O moço não falou nada, só apontou para o mamão a uns 3 metros de onde eu estava. Como eu pude não ter visto?

A resposta é simples: eu procurava mamões de cor alaranjada, cor de mamão quando está maduro. E os que havia no mercado estavam verdes. Por que eu não os vi? Porque estava com uma ideia fixa de que mamões são da cor laranja. Sou sincera, procurei com afinco, mas minha “bitolação” mental não me deixou vê-los.

Pensei então, quantas vezes as oportunidades estão à minha frente e eu, com uma ideia fixa, não as percebo. Além disso, estou sem presença, estou ali, mas pensando no que vou fazer quando chegar em casa, no que vou fazer mais tarde… sempre no futuro. Sempre desfocada. Sempre jogando a química da ansiedade no corpo.

A experiência do mamão me fez pensar nas minhas escolhas diárias. Portanto, devemos estar abertos para o novo, o diferente e o inusitado. Ali podem estar escondidas preciosas surpresas que somente uma mente presente e livre de preconceitos pode aproveitar.

Nesta época que um novo ano está se estabelecendo; em que o temor pela vida pede para repensarmos nossa forma de ser e agir; em que o universo nos convida a repensar nossos hábitos, por exemplo, que pessoas queremos ter perto?

Quem nos deixa saudades e nos faz falta?

A quem agradecemos pelo fato de não precisar conviver?

Por fim, estar preparado e aberto é uma boa escolha?

Eu penso que sim.  E você?